Este mês decidi juntar, para vos trazer, duas forças de caráter que acredito, que se estiverem de mãos dadas serão muito mais fortes. 

A primeira é o entusiasmo que se insere na virtude coragem, eu vejo como algo que está dentro de nós e que por situações várias parece que nos vamos esquecendo como funciona. Se repararem, as crianças por norma são entusiastas, tudo para elas é motivo de brincadeira, de aproveitar ao máximo o momento, têm aquele entusiasmo de descobrir tudo pela primeira vez, de experimentar sem medo, de verem os momentos como oportunidades únicas, de explorarem o mundo à sua volta. Há uma ingenuidade que lhes confere essa coragem livre e descomprometida. É-lhes natural esse olhar para a vida com entusiasmo. Esta força de caráter dá-nos leveza e predisposição para sermos otimistas. É uma força dinâmica que está diretamente relacionada ao bem-estar físico e psicológico. E tem ligações fortes com a satisfação geral com a vida e  uma vida de envolvimento. Mas infelizmente esta energia parece ir diminuindo à medida que crescemos seja por eventos que nos marcam, seja simplesmente pelas rotinas do dia a dia, ou pelo desacreditar e sentimento de impotência que se vai instalando. Por isso mesmo, acho fundamental resgatar esse entusiasmo, talvez possamos aprender com os nossos filhos, de como incluir no que fazemos esse brilho nos olhos que tanto gostamos de lhes ver e que tanto nos preocupa quando sentimos que possa estar a desvanecer-se. O entusiasmo dá-nos a energia para seguir no que acreditamos e propaga-se a quem está à nossa volta é um benefício que se estende para além de nós. A energia do entusiasmo contagia os que connosco estão. Quem nunca sentiu esse contagio? 

Nessa medida nós pais, podemos através da nossa atitude, contagiar os nossos filhos e por outro lado permitir que a sua energia nos contagie. E por isso junto aqui a força de carácter trabalho em equipa, ora se a nossa atitude pode influenciar o entusiasmo de outros nada melhor do que isso ser em prol de um grupo com um objetivo comum e o trabalho em equipa é isso mesmo, é a capacidade de em conjunto através das características de cada um, alcançarmos um objetivo, concretizarmos algo para o qual todos contribuímos, cada um à sua forma com perspetivas diferentes e contribuições distintas e por isso mesmo é que se torna mais rico. É o vermos para além do individual e de considerar os outros, não como uma competição, e sim como uma cooperação. É quando a soma não bate certo com as partes e sim extrapola esse ganhar. Claro que nem sempre é fácil essa conciliação, a chave de um bom trabalho em equipa está exatamente em vermos as diferenças como algo que enriquece o todo e acrescenta. A força de carácter trabalho em equipa está inserida na virtude justiça exatamente porque ao colocarmos esta força em prática necessariamente precisamos de ser justos e reconhecer a validade de todos pela sua forma de pensar por aquilo que entregam pelos seus limites e capacidades e também termos essa visão sobre nós próprios. 

Ora eu acredito que a primeira equipa em que todos nós trabalhamos é a nossa família, se todos tivermos a visão do que pretendemos construir, apoiarmos na descoberta das capacidades de cada um, de como contribuir e aceitarmos os diferentes pontos de vista, estamos sem dúvida ensinar aos nossos filhos o que é trabalhar em equipa, se para além disso o fizermos com entusiasmo o nosso caminho será certamente mais leve e prazeroso.