1 de Dezembro, 2023

ACOLHIMENTO

Sinto que nas relações humanas há sempre uma intenção positiva de conexão mas a forma como o fazemos pode deitar por terra o nosso objetivo. De facto não há nada mais difícil do que lidar com as pessoas, quase que parece ridículo sendo nós pessoas devíamos saber de … pessoas!
  

Mas não é o que acontece na realidade e isso afeta a nossa esfera pessoal, o nosso lado social e familiar e impacta o mundo profissional e as empresas. Nada escapa à complexidade das relações humanas.
  

Sei que neste mês de dezembro, influenciado pelo espírito do Natal, costumamos estar mais abertos mais disponíveis para o outro, então aproveitando o ambiente convido-vos a experimentarem algo que parece tão simples, mas infelizmente na prática não o é, e que fará toda a diferença na forma como nos relacionamos com os outros, qualquer que seja o contexto.
  

Gostava que experimentassem acolher, e o que é isso na prática? Da maneira que eu vejo, acolher é aceitar, é estabelecer conexão, é ver o outro pelos seus olhos, não é de todo ser complacente ou permissivo.
  

O primeiro passo é acolhermo-nos, parece estranho?! Acredito que fica difícil acolher o outro se primeiro não nos acolhermos a nós. Por isso a importância de nos conhecermos, sabermos as nossas forças, capacidades e identificar as nossas fragilidades para podermos melhorar, sentirmo-nos responsáveis pelas nossas decisões, termos consciência real do que somos e de onde queremos chegar. Sair do papel de vítima ou de superioridade e ver através das lentes reais da nossa perceção e não nos vermos através do julgamento dos outros ou pelo menos do que nós achamos que os outros pensam. Ou seja acolhermo-nos é vermo-nos, aceitar e tomar as ações necessárias. E isso é uma tarefa diária.
  

Podemos então depois passar ao segundo passo acolher o outro, talvez este até mais fácil que o primeiro pois tendemos a aceitar melhor no outro algo que não aceitamos em nós.
  

No que toca aos nossos filhos esta tarefa parece algo quase inata, mas consegue ser bastante árdua. Se por um lado temos a predisposição para perceber as suas dificuldades e temos interesse genuíno nos seus desafios, por outro, temos tendência a querer ou colocá-los “debaixo da asa”, ou seja a resolver por eles com medo que sofram, ou passem pelo mesmo que nós. Ou pelo contrário a nem os ouvir porque sabemos que conseguem resolver sozinhos e isso é que os vai preparar para a vida. A questão que fica é, como acolher e encontrar o equilíbrio entre estes dois polos.
 

Isso é algo que desenvolvemos em todas as interações que temos com eles e que vai evoluindo conforme as necessidades deles e nossas. Quando estamos verdadeiramente a ouvir os nossos filhos estamos a acolher, quando escutamos sem dar respostas, sem colocar o nosso ponto de vista, estamos a aceitar que pode haver outras perspetivas, o que é diferente de concordar. Para validar o que o outro está a sentir não preciso necessariamente de sentir igual ou até de perceber, mas sim, aceitar que para aquela pessoa, aquela situação, tem aquele impacto que gera aquele sentimento. Quando um filho nosso está muito triste porque se zangou com o melhor amigo, deixar que ele expresse esse sentimento em vez de dizer que isso vai passar, ou que vai arranjar outro amigo ou até que não é nada demais, apesar de querermos aliviar a sua dor, só vai fazer com que se sinta incompreendido. Pelo contrário se o ouvirmos e aceitarmos, que para ele, naquele momento, é algo que o deixa triste estamos a ajudar a verbalizar a ouvir-se e depois então podemos ajudá-lo a encontrar as soluções que deseja.
  

Se o primeiro passo que dermos em relação a alguém for de acolhimento acreditem seria tão mais fácil. No fundo estamos a falar de empatia essa habilidade de estabelecer a conexão com o outro, algo que pode ser aprendido e desenvolvido em qualquer idade. Disponível para praticar este mês?
  

Deixo-vos os meus votos sinceros, que este período de festas seja de união e partilha e que possamos levar essa energia connosco para o novo ano, nós estaremos deste lado sempre disponíveis para vos acolher.
  

Boas Festas. 

OUTRAS SUGESTÕES DE LEITURA

Estou ansiosa pelo vosso CONTACTO para podermos sonhar juntos!

"O mais importante é que os pais, professores, educadores e cuidadores em geral se sintam capacitados e capazes de lidar com os desafios do dia a dia."

    +351 919 757 060 // +351 915 468 766

    sonhos@inessottomayor.pt