30 de Abril, 2025

Como se expressa a empatia? 

Muito se tem ouvido falar da falta de empatia, principalmente quando estamos prontos a apontar o dedo em relação aos jovens, essa geração perdida! Parece que nos esquecemos que também já passamos por lá, do difícil que é essa fase da vida, com todo o turbilhão inerente e próprio da idade, não quero com isto desculpar ou justificar ações de violência, crítica ou apatia a que por vezes assistimos e às quais os media dão palco. Mas acredito também ser importante mostrar o outro lado, aquele em que vejo jovens assustadas sem saberem o que esperar da sociedade, ou adolescentes que defendem os seus amigos até ao fim do mundo, ou até aquele grupo que se junta para gerar ideias, para criar soluções para o futuro que desejam.

A empatia aprende-se, e o contrário também. Que exemplo estaremos nós, pais, professores, todos os adultos de referência, a dar? Conseguimo-nos colocar no lugar dos nossos filhos, estamos disponíveis para os ouvir e aceitar que podem ter pontos de vista diferentes? Ou será que somos os primeiros a dizer que nada do que dizem faz sentido, que não fazem nada de jeito, basicamente que estão completamente errados. E como é que eles nos veem a tratar os outros? Será que somos os primeiros a valorizar o trabalho de um professor, ou pelo contrário desmerecemos e criticamos? Como é que nos dirigimos aos nossos colegas de trabalho? Elogiando o seu sucesso, ou invejando o que não conseguimos? E em casa que comportamentos eles veem? De cooperação entre todos ou de competição entre direitos e deveres? Será que existe união ou é cada um por si?

Não podemos exigir aos nossos filhos aquilo que não lhes ensinamos e talvez nem saibamos dar! A empatia acontece na relação, não nos likes dos écrans. No dia a dia e não só nas férias ou dia de aniversário. Acontece quando escutamos o outro, quando percebemos que estamos todos no mesmo nível. A ausência de empatia trás consigo a crítica, essa surge quando me sinto superior, quando me coloco num pedestal de verdades absolutas e num lugar de inflexibilidade. Em que lugar é que me tenho colocado? Será que temos consciência disso nas vária interações que temos ao longo do nosso dia?

Talvez eu devesse trazer aqui mais certezas e fórmulas de empatia do que tantas inquietações, mas a verdade é que é um tema que me desassossega. Sabemos que há uma série de culpados fáceis de identificar, as redes sociais, o imediatismo, a correria que nos é exigida, a falta de apoio, e a lista não acaba. Mas acredito que também é possível encontrar razões, tão válidas como as anteriores, para cultivarmos esta forma de estar connosco e em sociedade, a empatia gera conexão, aproxima-nos e cria emoções positivas, sentimos que pertencemos e somos úteis, que podemos ter um impacto positivo na vida do outro só por estar lá, por ouvir e aceitar o seu ponto de vista, o que não implica que se mude de opinião, apenas aceitar que somos todos diferentes, nem piores nem melhores. Eu vejo estas atitudes todos os dias nas crianças e jovens, que sem filtros, sem preconceitos se entregam e dão o melhor de si. Então talvez deixe aqui essa ideia de experimentarmos olhar para o que de bom acontece, para as ações genuínas de compaixão onde nos colocamos todos no mesmo nível.

Parece fácil descrito assim, sei que a realidade é outra, mas também acredito que é nossa responsabilidade ensinar formas de expressar a empatia, é nossa responsabilidade ter uma palavra simpática, um sorriso ou até quem sabe uma braço, dar o nosso tempo ao que realmente importa. E principalmente só depende de cada um de nós aquilo que priorizamos e a que decidimos dar atenção. Por isso em vez de certezas deixo uma pergunta, ou várias: se eu quero ver empatia no mundo, o que será que depende só de mim ?

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