Estamos a chegar ao final do ano e também às duas últimas forças de carácter. Durante todo este ano dedicamo-nos a desenvolver as 24 forças de carácter, a identificar em nós e nos outros, perceber como as podíamos colocar em prática no nosso dia a dia e em situações desafiadoras. Vimos o quanto nos identificamos mais com umas enquanto outras são mais dificeis de colocar em prática. Percebemos que todos nós, dos mais pequenos aos mais velhos, as podemos desenvolver e prosperar. Que fantástico será o mundo, quando todos nós as colocarmos em prática para um bem maior!  

Talvez inspirada pelo espírito Natalício, este mês trago a Espiritualidade, que se encontra dentro da virtude Transcendência, e está relacionada com a procura de significado, propósito e conexão com algo maior que nós mesmos. Não necessariamente ligada a práticas religiosas, mas no sentido em que envolve a perceção de interdependência de que pertencemos a algo comum, estão implícitos os valores da gratidão, compaixão e altruísmo. No fundo dar um sentido maior e percebermos que o que fazemos impacta os outros e o espaço que nos rodeia, como se tivéssemos todos interligados numa teia. Ao mesmo tempo que amplia as possibilidades de fazer algo grandioso, no sentido em que se torna claro a repercussão das nossas ações e de que não estamos sozinhos, alguém sente e pensa o mesmo que nós, para alguém fará sentido e poderá ser útil. Por isso também relacionar com a força de caráter Inteligência Social, esta força insere-se na virtude da Humanidade, onde estamos predispostos para conhecer o outro, identificar sentimentos e pensamentos, como que a saber ler e interpretar o ambiente, para conseguir adequar da melhor forma a nossa resposta, implica esta flexibilidade de adaptação ao meio que nos rodeia. O que passa por também perceber o que os outros nos fazem sentir e em consciência decidir o que queremos fazer com isso. No fundo são duas forças de carácter que contribuem para a formação social e significativa do nosso papel no mundo. 

Nada melhor do que esta época para desenvolvermos estas práticas, reforçando laços afetivos e valores essenciais. Quer para nós adultos, quer nos nossos filhos ou alunos, poderá ser através de ações solidárias em que todos participem, seja na escolha de brinquedos a dar, na recolha de alimentos, na visita a instituições e tantas outras ações que nos ajudam a identificar um propósito maior para as nossas ações e ao mesmo tempo criar a consciência da importância do outro. E por que não criar momentos de reflexão e partilha do que correu bem neste ano que está a passar, como podem usar ainda mais as suas forças no próximo ano, enfatizar o poder das relações, de como é importante escutar o outro, dos pequenos gestos que podem ter repercussões gigantes, perceber que podemos fazer a diferença, que contribuímos para algo que nos transcende. 

Ambas as forças complementam-se de forma natural, a espiritualidade inspira-nos a agir com propósito e bondade, enquanto a inteligência social ajuda-nos a traduzir esses sentimentos em ações concretas. Uma criança que percebe o significado maior por detrás dos seus atos terá mais propensão a demonstrar empatia e cuidado nos relacionamentos. O desenvolvimento destas forças de caráter nas crianças e jovens não é apenas essencial para o bem-estar individual delas, mas também para a construção de um mundo mais harmonioso. Que este Natal seja uma oportunidade para cultivar gratidão, conexão e empatia em todos nós.