25 de Fevereiro, 2025

Onde mora a ansiedade?

Infelizmente, hoje em dia, é comum as pessoas dizerem que estão ansiosas, muitos dos jovens que acompanho comentam que sentem ansiedade todos os dias, os pais falam disso como se fosse algo natural e comum. 


É fácil identificar vários fatores para este aumento crescente, desde o uso excessivo dos ecrãs, à exposição nas redes sociais, sermos bombardeados com informação, muitas das vezes contraditória, ao ritmo alucinado em que muitos de nós andamos e consequente falta de conexão e de tempo para comunicar. As nossas próprias inseguranças enquanto pais e dúvidas perante o futuro. Tudo isto contribui para que ansiedade tenha vindo a ser o novo desafio nas famílias. O importante é olhar de frente para cada situação para agirmos antes que estes sinais surjam, pois isso fará toda a diferença na promoção do bem-estar dos nossos filhos. Para isso chamo primeiro a atenção para a ansiedade que os próprios pais sentem. Muitas das vezes sobrecarregados com exigências profissionais e pessoais, também enfrentam níveis elevados de stress. Essa insegurança reflete-se nos filhos, que absorvem e espelham as emoções dos cuidadores.  


Mas acredito que há algo mais que contribui para esta ansiedade generalizada e isso está relacionado com as novas dinâmicas familiares. Todos temos agendas super preenchidas falta de tempo uns para os outros e para nós próprios, parece que há pouco espaço para simplesmente estarmos, para criarmos ligações partilhas e memórias. Infelizmente vejo que muitas das vezes a comunicação é trocada pelos telemóveis, o apoio emocional é encontrado ao deslizar o dedo em vez do calor de uma casa. Não estou com isto a dizer que é fácil, a própria sociedade parece que nos empurra para este rodopio mas a verdade é que a escolha de nos deixarmos ir ou querer fazer diferente, essa, está nas nossas mãos, Por isso lanço-vos o desafio, de terem essa atenção plena convosco e para com os vossos filhos, de criarem momentos para que conversas significativas possam acontecer, assim como o tédio ou a simples e tão boa diversão. 


Mas afinal, que sentimento é esse? Que estado alterado é esse, que nos perturba e prejudica? Como o poderíamos descrever? 


Sempre que coloco estas pergunta, tenho respostas tão diferentes como: para uns a ansiedade é preta, opaca, cheia de picos e mora nas pernas e braços, outros dizem que é uma esfera pesada de vermelho vivo no peito e pescoço, há quem diga que sente como uma névoa cinza que envolve todo o corpo. Por mais diferente que seja a descrição, todos tem uma coisa em comum, a ansiedade está dentro de nós, nos nossos pensamentos e não no que está à nossa volta. Apesar de todos os fatores exteriores que possam contribuir para o aumento deste sentimento, ela mora dentro de nós. 


De uma forma muito simplista, a ansiedade é medo de algo no futuro, ora o futuro, por definição, não existe, apenas na nossa imaginação, logo temos medo de algo que criamos na nossa cabeça. E este é o ponto em que podemos intervir. Nós não mudamos as situações externas a nós, a reação dos outros não está nas nossas mãos, o imprevisto, é isso mesmo, algo que não controlamos, o que realmente é da nossa responsabilidade é o que decidimos que queremos sentir e pensar sobre essa realidade e que cenários queremos imaginar para o futuro. 


Se é fácil? Não, claro que não. A nossa imaginação é um reflexo das nossas inseguranças, um espelho dos nossos medos, mostra-nos aquilo que não queremos ver e quanto mais tentamos fugir, mais essas profecias se realizam. Olhar de frente para esses futuros imaginados e dizer que agora temos o comando da realização do filme exige coragem, exige que chamemos a nós a responsabilidade, exige talvez até, uma dose de loucura. 


Que sejamos todos, então, um pouco loucos, o suficiente para ter a ousadia de criar o próprio futuro, de sermos donos dos nossos sonhos, em vez de pesadelos, de decidirmos o que queremos que more dentro de nós. 

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