11 de Abril, 2022

CONFIAR NOS NOSSOS FILHOS

Uma das coisas mais importantes numa relação é a confiança, não necessariamente no sentido de podermos ou querermos dizer tudo o que nos passa pela cabeça, mas principalmente no sentido de podermos contar com o outro, de sentirmos que estará lá para nós de forma incondicional, de que há sinceridade acima de tudo, de que aquilo que vemos e ouvimos é a verdade!

Este último ponto é a chave na relação entre pais e filhos, a ideia de que somos honestos naquilo que dizemos e fazemos, a importância da congruência, que começa connosco próprios e que é a melhor maneira de os ensinarmos.

Por outro lado, a mentira, é algo natural, é algo que fazemos todos os dias sem sequer pensar muito, ou porque é algo que não vale a pena partilhar: “Está tudo bem?” “Sim, tudo a correr bem.”, quando no fundo até pode não estar. Ou porque queremos agradar: “O teu cabelo está tão bonito com esse corte!” e nem achamos assim tanto. Ou porque temos necessidade de nos desculparmos: “Estava imenso trânsito.” Desculpa por chegar atrasada porque na verdade não acordei a horas. Ou ainda porque temos medo da reação do outro e de dececioná-lo: “Não vou poder ir aos teus anos, porque estou super doente.” E apenas nos apetece ficar tranquilos em casa.

Com as crianças não é diferente, o importante é a forma como nós adultos lidamos com isso, para que não se torne um padrão. Tentar perceber o que levou as crianças a mentir, é o primeiro passo, não digo com isto que procurem um porquê, até porque provavelmente a criança não saberá responder porque muitas das vezes é algo inconsciente, e sim ajudar a compreender o que ela ganharia com a mentira, que objetivo teve ao formular uma mentira, o que é que a fez sentir necessidade de mentir.

Muitas das vezes a mentira está associada a não querer dececionar os pais, medo dos castigos se disser a verdade, querer muito alguma coisa que acredita que de outra forma nunca terá.

Se optarmos por castigar a verdade, por pior que ela seja, estamos a passar a mensagem inconsciente, de que para a próxima o melhor é mentir, podemos sim, em conjunto perceber as consequências dos seus atos e ajudar a lidar com isso. Ajudá-los a descobrirem outras formas de se expressarem, reforçar a coragem que é necessária, muitas das vezes, para dizer a verdade e acreditar que o nosso filho é capaz de fazer diferente, melhorar e desenvolver as suas capacidades.

E nós será que estamos a ser sinceros connosco e com os nossos filhos? Falamos verdadeiramente sobre o que sentimos e damos espaço ao diálogo, para que também eles se possam expor? A importância de acolher o que eles nos dizem, sem criticar, sem julgar e sem respostas prontas é meio caminho andado para dar espaço à verdade e que se estabeleça uma relação de confiança.

Por isso deixo o convite para estar atento à forma como reage à mentira e de que forma será possível fazê-lo para que não perpetue o comportamento?

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