Mas afinal o que é realmente o Dia do Pai?

Por vezes esquecemos-nos da verdadeira essência que deveria ter este dia, o de celebração pela figura paternal, por tudo o que ela nos entrega, pela protecção, pelo carinho, pelo amor incondicional, pela segurança, pelas regras e limites, por nos mostrar o caminho e ao mesmo tempo deixar-nos ir por onde queremos.

É difícil ser pai nos dias de hoje?! Não sei… há mais desafios, situações desconhecidas, situações novas que surgem todos os dias, uma maior incerteza quanto ao futuro deles.

Por outro lado há uma relação mais próxima, uma cumplicidade maior, uma demonstração maior desse amor.

Falo a partir da minha posição de mãe, em que acredito que o papel de pai é enorme, não cabe numa definição, ele tem lugar em todos os abraços dados, nos sermões intermináveis, cabe nos beijos e nos olhares de desaprovação, tem lugar no colo e nas obrigações, existe num acordar com pequeno almoço a cheirar a panquecas e nos conselhos para a vida.

O Pai é o porto seguro, é a rede de segurança que nos deixa sonhar, que acredita verdadeiramente no que cada filho pode dar. Que está lá a aplaudir de pé e que nos conforta quando caímos.

Esta é a minha realidade com o meu pai, esta é a realidade que vejo todos os dias a acontecer com o Pai das minhas filhas, por isso estou grata hoje Dia do Pai e todos os dias!

Feliz dia a todos os Pais.

Pensamos o que educamos?

Quanto mais oiço os pais a falar, mais me apercebo que muitas das ideias, das frases feitas, que dizemos aos nossos filhos, nem sequer pensamos!

Aceitamos como verdades absolutas e nem nos damos ao trabalho de questionar se faz sentido! E porquê? Não sei… talvez por serem coisas que ouvimos dizer desde sempre, são expressões que vem dos nossos pais, dos nossos avós, ou porque não temos sequer a disponibilidade de tempo e mental para o fazer, de tão cansados que já andamos com os “simples” desafios do dia a dia! Ou até porque, quando ousamos fazê-lo, nos sentimos culpados, quais traidores das tradições!

Esta questão das frases feitas já me tem vindo a chamar a atenção por outras situações que oportunamente irei partilhar, mas no outro dia, houve uma em particular, que de tão simples e tão “normal”, achei que devia pelo menos trazer o tema para refletirmos.

Estava eu a fazer calmamente as compras de supermercado, sem crianças, o calmamente já o pressupõe, quando assisto a uma mãe visivelmente com pressa a dirigir-se para as caixas self-service e o filho, talvez dos seus 4, 5 anos implorava-lhe para levar só um brinquedo. Até aqui tudo normal. A mãe lá disse-lhe que não podia ser e, como não surtia efeito, acabou por sair-lhe algo do género “…mas tu não vês que isso é um brinquedo de menina?! Que disparate, nem te atrevas a trazer isso!” Estamos a falar de um conjunto de loiças de chá!

Indignou-me como é que, numa época como a nossa, ainda se colocam estas barreiras que uns brinquedos são de menina, e outros de menino. Mas quem é que institui isso? Quem tem o poder para dizer que uma menina só tem de gostar de rosa e brincar com bonecas? Ou, pelo contrário, um menino não pode andar no ballet? Por mais que se diga que temos uma mente aberta, infelizmente estes vieses ainda se mantêm, e muitas vezes de forma inconsciente, nem pensamos porque dizemos o que dizemos! Qual é o mal? Ou parece mal????

São atitudes e frases como estas que carregamos da nossa educação, mas será que ainda fazem sentido? Até quando devemos perpetuar estes dogmas e passá-los aos nossos filhos?

O que será que representa, que é assim uma afronta tão grande para ser um disparate?

A verdade é que todos nós, de uma forma mais ou menos aberta, praticamos estas verdades absolutas sem dar-nos conta pois, me parece importante, pelo menos tentarmos perceber o que está por detrás daquilo que estou a fazer ou dizer aos meus filhos. O que é que quero passar? Serão ideias fixas ou será ajudá-los a ter uma mentalidade de crescimento e de flexibilidade? O que é que ganhamos com uma e com outra?

Esta situação fez-me pensar em tudo isto, mas no final acho que aquela mãe só queria mesmo despachar-se e estava cansada e queria tudo menos estar no final de um dia ainda às compras. Aquela frase foi apenas a primeira coisa que lhe saiu na ideia de ser o mais eficaz possível e irem embora!

Mas então pergunto-vos, numa situação destas, como podemos pensar o que estamos a educar, qual a mensagem que lhes passamos?!