4 de Março, 2020

PENSAMOS O QUE EDUCAMOS?

Quanto mais oiço os pais a falar, mais me apercebo que muitas das ideias, das frases feitas, que dizemos aos nossos filhos, nem sequer pensamos!

Aceitamos como verdades absolutas e nem nos damos ao trabalho de questionar se faz sentido! E porquê? Não sei… talvez por serem coisas que ouvimos dizer desde sempre, são expressões que vem dos nossos pais, dos nossos avós, ou porque não temos sequer a disponibilidade de tempo e mental para o fazer, de tão cansados que já andamos com os “simples” desafios do dia a dia! Ou até porque, quando ousamos fazê-lo, nos sentimos culpados, quais traidores das tradições!

Esta questão das frases feitas já me tem vindo a chamar a atenção por outras situações que oportunamente irei partilhar, mas no outro dia, houve uma em particular, que de tão simples e tão “normal”, achei que devia pelo menos trazer o tema para refletirmos.

Estava eu a fazer calmamente as compras de supermercado, sem crianças, o calmamente já o pressupõe, quando assisto a uma mãe visivelmente com pressa a dirigir-se para as caixas self-service e o filho, talvez dos seus 4, 5 anos implorava-lhe para levar só um brinquedo. Até aqui tudo normal. A mãe lá disse-lhe que não podia ser e, como não surtia efeito, acabou por sair-lhe algo do género “…mas tu não vês que isso é um brinquedo de menina?! Que disparate, nem te atrevas a trazer isso!” Estamos a falar de um conjunto de loiças de chá!

Indignou-me como é que, numa época como a nossa, ainda se colocam estas barreiras que uns brinquedos são de menina, e outros de menino. Mas quem é que institui isso? Quem tem o poder para dizer que uma menina só tem de gostar de rosa e brincar com bonecas? Ou, pelo contrário, um menino não pode andar no ballet? Por mais que se diga que temos uma mente aberta, infelizmente estes vieses ainda se mantêm, e muitas vezes de forma inconsciente, nem pensamos porque dizemos o que dizemos! Qual é o mal? Ou parece mal????

São atitudes e frases como estas que carregamos da nossa educação, mas será que ainda fazem sentido? Até quando devemos perpetuar estes dogmas e passá-los aos nossos filhos?

O que será que representa, que é assim uma afronta tão grande para ser um disparate?

A verdade é que todos nós, de uma forma mais ou menos aberta, praticamos estas verdades absolutas sem dar-nos conta pois, me parece importante, pelo menos tentarmos perceber o que está por detrás daquilo que estou a fazer ou dizer aos meus filhos. O que é que quero passar? Serão ideias fixas ou será ajudá-los a ter uma mentalidade de crescimento e de flexibilidade? O que é que ganhamos com uma e com outra?

Esta situação fez-me pensar em tudo isto, mas no final acho que aquela mãe só queria mesmo despachar-se e estava cansada e queria tudo menos estar no final de um dia ainda às compras. Aquela frase foi apenas a primeira coisa que lhe saiu na ideia de ser o mais eficaz possível e irem embora!

Mas então pergunto-vos, numa situação destas, como podemos pensar o que estamos a educar, qual a mensagem que lhes passamos?!

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