É chegado o período tão aguardado das férias, mas será assim tão bom quanto o desejamos?-Quando a insatisfação com a realidade e o dia a dia é grande, vamos colocando uma enorme expectativa nestes dias como se fossem tábuas de salvação, é agora que vou ter tempo para ler, para dormir, para experimentar aquelas receitas fantásticas, fazer exercício, estar com os amigos, é agora que os meus filhos vão-se portar como eu desejo, em que não vai haver discussões e fazem tudo o que eu digo!

Até que chegam as férias de verdade e puf! Os nossos sonhos caem por terra e com eles a nossa esperança e só fica a desilusão. E porque será que entramos nesse ciclo vicioso, sempre na expectativa que é na próxima que algo vai mudar?

Acredito que está relacionado com a falta de equilíbrio a que nos vamos sujeitando sem sequer pensar. Não são uns dias de férias que nos vai dar isso e sim um autocuidado constante que não nos deixe chegar a esse ponto de desespero.

O nosso mundo, a nossa família irá encontrar esse “equilíbrio desequilibrado” quando cada um de nós também o procurar e conseguir viver esses momentos sem culpa. Parece fácil, dito assim, sei bem que não é, até porque cada pessoa tem o seu próprio ponto de equilíbrio e conciliar o de todos é tarefa ainda mais complexa. Mas a verdade é que podemos procurar o que nos faz bem a nós, e por conseguinte aos outros, encontrar momentos de autocuidado são fundamentais para a nossa felicidade e isso vai-se refletir na nossa família, não precisam de ser decisões estruturantes, podem sim, ser pequenos passos que nos vão ajudando a mudar de hábitos, algo como estar 5m ao telefone com um amigo, tomar um café sem mais nada, só a apreciar, ler 10 páginas daquele romance esquecido, dançar uma música a meio do dia só porque sim, parar 10m para meditar, aquilo que melhor vos fizer sentir, o importante é que esses 10m que tiram à vossa rotina o façam sem culpa, sem remorso ou sem pensarem o que estão a deixar de fazer ou no que estão a falhar. A verdade é que ao não fazermos estamos a falhar connosco próprios e com os nossos filhos, afinal de contas que exemplo lhes estamos a dar? Que não somos merecedores? Que é mau tratar de nós, gostar de nós?

Quantas vezes lhes dizemos que é importante darem-se ao respeito, gostarem deles próprios, aceitarem-se. E será que nós pais damos o exemplo?

Talvez este período de férias não seja o sonho que imaginaram, mas pode ser o início de uma nova forma de se cuidarem, pode ser o restaurar da esperança, de que é possível esse equilíbrio de forma saudável para todos, acredito que depende de cada um de nós que estas férias sejam diferentes e que as mudanças perdurem para além delas.

Boas férias e cuidem-se!