31 de Outubro, 2023

Como gerir os ecrãs?

Se há dilema que é transversal a todos, qualquer que seja a idade dos filhos, é como gerir os ecrãs.
Infelizmente é também motivo principal de discussões e atritos na família e muitas das vezes utilizado como forma de castigo. A verdade é que é, todo um mundo novo que está em permanente mudança e nós com ele a tentar perceber e acompanhar.

Como em qualquer situação ninguém melhor do que a própria família saberá o que vai funcionar, o que têm capacidade para lidar no momento e o que estão dispostos a abdicar, mas para que essa decisão seja tomada em consciência é importante estarmos na posse da maior parte de informações disponíveis. E é isso que proponho aqui tentar de forma resumida e simplificada trazer-vos alguns factos e reflexões que possam contribuir para uma tomada de atitude estruturada onde se sintam seguros.

Há estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) e recomendações das Associações de Psiquiatria e Psicologia que nos dão uma ideia do tempo de exposição indicado como máximo em relação à idade da criança, é apenas um guia mas ajuda-nos a ter uma noção.
Deixo aqui o indicado por estas entidades:

Crianças até aos 18 meses: não é recomendado o uso de ecrãs

Crianças dos 18 meses aos 2 anos: limitar ao mínimo possível

Crianças dos 3 aos 5 anos: limitar a 1hora por dia

Crianças dos 6 aos 9: limitar a 2h por dia

Crianças e jovens dos 10 aos 18 anos: limitar a 2h por dia

Adultos: Uso equilibrado entre o digital e outras atividades/ pausas

Não utilizar nas horas precedentes a dormir


Outro ponto que considero importante e que é difícil de perceber é o limite, e até de aceitar que isso nos possa estar a acontecer, ou seja, onde é a linha ténue entre um uso aceitável e o excesso, o vício, infelizmente tudo o que nos dá prazer pode tornar-se um vício especialmente quando esse prazer é imediato sem esforço. O que acontece no nosso corpo é que a dopamina é libertada no circuito de recompensa e queremos sempre mais e mais desse prazer e não sabermos lidar com a privação o que leva à frustração. Vemos crianças a chorar, aos gritos ou até a serem agressivas se não lhes é dado o telemóvel ou se ficam sem bateria. Mas isso é apenas uma reação neurológica que, se nós pais, tivermos consciência podemos ajudar a reverter. Nenhuma criança, jovem é igual ao outro irão sempre reagir de forma diferente e é importante adaptar a nossa abordagem a cada indivíduo.
Todos nós sabemos o impacto a curto prazo do uso excessivo dos ecrãs e até temos acesso a todas estas informações, mas depois no dia a  dia torna-se extremamente difícil alterar os hábitos que fomos adquirindo.


A primeira questão que se coloca é:

Será que está claro para nós adultos o que é aceitável na nossa família em relação ao uso dos ecrãs?
Só depois vale a pena perguntarem-se: Eu que fui clara na forma como transmiti isso aos meus filhos?Será que eles sabem porque é que isso é importante na nossa família?

E por último questionem-se: Eu faço aquilo que digo e peço aos meus filhos?

Sou congruente e dou o exemplo?


Depois de termos esta base podemos então ajudá-los a gerir o tempo que passam em frente a um ecrã, se não é o mesmo que eu querer construir uma casa em cima de areias movediças, vai acabar por ceder e desmoronar.


Não haverá nunca só uma forma de lidar com esta questão, é importante a nossa flexibilidade e aceitação quer das nossas próprias capacidades, quer do processo evolutivo dos nossos filhos. Acredito que o mais importante é estarmos atentos e conscientes, ter uma comunicação aberta e disponível, afinal de contas só queremos que todos estejam bem e ao final do dia desfrutar da nossa família.

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